Holocauto

segunda-feira, 6 de junho de 2011

6° Série - Teatro - Trabalho de História – Turma 31 A (6° Série) - Escola Josefina de Souza Lima- Contagem - MG

Trabalho de História – Turma 31 A
Apresentação de Teatro
Tema: Música “Construção” – Chico Buarque
Título: Construção
Participantes:
Gabriel Mauricio, Alexandre, João, Agnys, Christian, Jhulia, Vivian,
Jhenifer, Luan, Erica, Thais, Mayra, Washington, Mirian.
Roteirista: Gabriel Maurício
Figurino: Todos participantes
Cenário: Todos participantes


Hoje vamos falar tudo da música “Construção” de Chico Buarque.

Construção

Amou daquela vez como se fosse a última
Amou daquela vez como se fosse o último
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a única
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Sentou pra descansar como se fosse príncipe
Sentou pra descansar como se fosse pássaro
E flutuou no ar como se fosse pássaro
E flutuou no ar como se fosse sábado
E flutuou no ar como se fosse príncipe
E acabou no chão feito um pacote flácido
E acabou no chão feito um pacote tímido
E acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Morreu na contramão atrapalhando o público
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

Este poema, além de sua extraordinária construção artística, reflete uma face trágica do homem, visualizado num momento de vida (em “construção”). Mas, ao construir, o homem é destruído por todo um sistema desumano, por toda uma concepção egoísta. Passa por um processo de coisificação, desde a primeira estrofe:

Amou daquela vez como se fosse máquina
O que se confirma pelo resultado desse processo:
E acabou no chão feito um pacote flácido
E acabou no chão feito um pacote tímido
E acabou no chão feito um pacote bêbado

É reafirmado na última estrofe, em que o ser humano é visto, diante da coletividade, de forma irônica, já que o sábado é um dia convencionalmente feito para o lazer. E esse homem, que nem nome tem, tão coisa que é, tão nada, não poderia ficar impune. Sua desgraça foi morrer num sábado, na contramão, atrapalhando a vida, os divertimentos. Contudo, esse anônimo atrapalhou a sociedade, perturbou o sistema, destruiu o instituído, desestabeleceu o estabelecido, desfez o que estava feito, desarmou o armado. Por isso mesmo, Construção “desencanta o encantado, desmitifica o mito, ordena o caótico”.

O poeta questiona insensatez da sociedade, seu desdém pelo próximo, seu desinteresse comunitário. E, ratificando a castração dos valores essenciais do homem, durante essa triste vida (“construção”), o amor é praticamente anulado, enquanto impossibilidade de concretização:

Amou daquela vez como se fosse a última
Amou daquela vez como se fosse o último

Chico atesta a desumanização do homem: Amou daquela vez como se fosse máquina
O fim demonstra a anulação total. O resultado de tudo é a inutilidade:
Morreu/Morreu/Morreu


Chico Buarque mostra a indiferença, a opressão exercida sobre os mais humildes, redução, cada vez maior, da individualidade humana. Registra o homem esquecido, perdido em seu anonimato.
Por meio de grande intensidade rítmica, com o final dos versos em proparoxítonas e trissílabas (recurso raro em língua portuguesa), numa cadência coerente ao tema (a repetição de palavras e frases reflete a própria repetição rotineira da vida do anônimo), o texto articula os contrários, sem suprimi-los, dado característico da imagem poética.

A tensão entre humano (flácidas, flácido, tímido e bêbado) e não-humano (paredes, pacote) retrata a densidade poética e a visão social do autor.
O uso do pra não é só marca de oralidade mas faz-se necessário o uso do pra no sentido de manter a musicalidade, a rima

O homem (“bêbado, “tímido” etc.) é coisificado (“paredes”, “pacote” etc.), ratificando a crítica política e social do texto.
A consciência social de Chico Buarque de Holanda em Construção, como em toda a sua obra, é evidente. Sabe o poeta que a poesia é o seu instrumento, o seu veículo de denúncia, de crítica, de representação de uma realidade desumana e injusta, pois é preciso que o homem não seja “máquina” nem “pacote”. Mas que signifique. Que também possa exercer sua liberdade.
Assim deve ser visto pela sociedade. Chico aponta para uma estrutura social que não gostaria que existisse para uma coisificação do homem que não deve persistir. Em Construção, o sujeito é generalizado.

O homem é visto, em relação à sociedade, de maneira trágica, oprimido, marcado pela inutilidade. Ele constrói, mas é destruído.
A música "construção" incorpora vários elementos que podem nos dar uma idéia do que ela trata e o porquê de ter sido escrita da forma que foi.
Eu penso que há duas mensagens básicas na letra. Uma que salta logo no início é quando ele, Chico, arrola uma série de ações banais, mas que só são banais pelo automatismo com que são executadas. Por exemplo: amar, beijar, atravessar, subir, etc. O homem executa várias ações sem meditar sobre o gesto. Assim vamos vivendo em família, circulando pela cidade, trabalhando, etc, tudo numa repetição monótona. Tudo se passa como se tivéssemos um botão de iniciar e pronto

Essa colocação denuncia o esvaziamento dos gestos, tudo fica destituído de um significado maior.

A outra mensagem que também é passada diz respeito à opressão externa, aquela que é exercida sobre os homens e os transforma nas máquinas de trabalhar, amar, etc. Essa é uma crítica de cunho social. Essa denúncia nos faz pensar que pode existir uma forma diferente de tudo ser feito, executado ou vivido.
Há também crítica ao papel da religião, destacando sua pouca efetividade em resolver o problema social, deixando tudo num "Deus lhe pague".

Por último, percebe-se que é posta uma ênfase na última palavra de cada estrofe. Essas palavras são todas proparoxítonas e dá um encadeamento, ou melhor, uma pausa que realça o seu significado. Assim temos as palavras última, último, único, tímido, máquina, sólidas, mágico, lágrima, sábado, príncipe, náufrago, bêbado, etc. Essa forma de poetisar é um convite à reflexão.

Quanto ao arranjo, são incorporadas cacofonias, dodecafonias, num vibrante que vai atingindo, aos poucos, gradativamente, um máximo de intensidade
Essa casa é para nós representarmos como a realidade é desumana e injusta e como nós já dissemos ,
A consciência social de Chico Buarque de Holanda em Construção, como em toda a sua obra, é evidente. Sabe o poeta que a poesia é o seu instrumento, o seu veículo de denúncia, de crítica, de representação de uma realidade desumana e injusta, pois é preciso que o homem não seja “máquina” nem “pacote”. Mas que signifique. Que também possa exercer sua liberdade. Assim deve ser visto pela sociedade. Chico aponta para uma estrutura social que não gostaria que existisse para uma coisificação do homem que não deve persistir. Em Construção, o sujeito é generalizado. O homem é visto, em relação à sociedade, de maneira trágica, oprimido, marcado pela inutilidade. Ele constrói, mas é destruído

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