Holocauto

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Cem anos de Jesse Owens, o homem que desafiou Adolf Hitler

Jogos Olímpicos de Berlim-1936. Adolf Hitler, que inicialmente era contra o evento esportivo na Alemanha, acabou convencido de realizar a Olimpíada para alavancar a propaganda do Nazismo e a doutrina da supremacia da raça ariana. Mas o discurso racista do ditador acabou desmentido pelo desempenho de um atleta negro americano: Jesse Owens. Ganhador de quatro medalhas de ouro naqueles Jogos, ele completaria 100 anos nesta quinta-feira. Seu falecimento aconteceu no dia 31 de março de 1980, aos 66 anos, em Tucson, no Arizona.

 Jesse Owens durante a disptuta da Olimpíada de Berlim-1936 (Foto: Arquivo Comitê Olímpico Internacional)


James Cleveland Owens nasceu no dia 12 de setembro de 1913, em Oakville, Alabama, nos Estados Unidos. Era o filho mais novo das três meninas e sete meninos do casal Henry Cleveland Owens e Emma Mary Fitzgerald. Aos 9 anos, o pequeno Owens se mudou com a família para Cleveland, Ohio, pois seus pais buscavam melhores oportunidades. Ao ter o nome perguntado por um professor, ele respondeu JC, como era conhecido, mas por conta do forte sotaque do sul, seu professor entendeu "Jesse". Daí, passou a ser conhecido como Jesse Owens.
Atleta negro, o americano, falecido em 1980, ganhou quatro medalhas de ouro na Olimpíada de Berlim-1936 e desmentiu o discurso da supremacia ariana do Nazismo
O americano se tornou mundialmente conhecido pelos seus feitos na Olimpíada de Berlim. Os nazistas aproveitaram o evento esportivo para a propaganda do regime de Hitler. O forte incentivo aos atletas fez a Alemanha ficar no topo do ranking de medalhas, com 33 ouros contra 24 dos EUA. Mas, apesar da vitória, o discurso nazista caiu por terra diante dos feitos de Owens, que liderou os americanos no atletismo ao conqusitar as medalhas de ouro nos 100m, 200m, revezamento 4x100m e salto em distância.
Reza a lenda que Hitler se recusou a entregar as medalhas para Owens. O que não é verdade segundo a diretora cultural do Comitê Olímpico Brasileiro (COB, Christiane Paquelet. Responsável pela exposição interativa "Jogos Olímpicos: Esporte, Cultura e Arte", que abre para o público nesta sexta-feira no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, ela explica que o ditador deixou de entregar apenas uma das quatro láureas do atleta americano. Nas demais, Hitler, inclusive, cumprimentou o "desafeto".
Veterano jornalista da Alemanha, Siegfired Mischner afirmou anos depois que Owens carregava em sua carteira uma foto em que recebe o cumprimento de Hitler. Segundo reportagem do tabloide inglês "Daily Mail", foi tirada uma foto atrás da tribuna de honra que comprova o fato. A mesma só não foi publicada porque a opinião predominante no pós-Segunda Guerra Mundial era a de que o ditador havia ignorado o americano. A decisão de não publicar a foto foi a de manter Hitler em uma situação desconfortável em relação a Owens.
Em sua biografia, o atleta americano afirma que o que o deixava mais magoado não eram as atitudes de Hitler, mas o fato de o presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevel, não ter mandado nem um telegrama felicitando-o pelas conquistas na Olimpíada. De fato, o atleta não sofreu com o racismo somente na Alemanha. Em seu país ele também enfrentou problemas. Em um evento na Casa Branca, enquanto todos os seus companheiros entraram pela porta da frente, ele foi obrigado a entrar pelos fundos, segundo relata Paquelet.
Na exposição que estará em cartar no Museu Histórico Nacional existem, além das peças tradicionais ligadas aos Jogos Olímpicos, trinta e seis peças da Coca-Cola, mais antiga patrocinadora da Olimpíada. Entre elas está uma imagem do cartaz em que Owens se refresca com uma latinha do refrigerante. A propaganda, um choque na época por ter sido feita com um atleta negro, somente veio a público após os Jogos de 1936. Segundo o vice-presidente de Jogos Olímpicos da Coca-Cola Brasil, Flávio Camelier, se a propaganda tivesse sido feito antes era capaz de Owens ter sua participação vetada na Olimpíada.
Em 2012, o atleta americano foi imortalizado no Hall da Fama do atletismo, criado no mesmo ano como parte das celebrações pelo centenário da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf).

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