Holocauto

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Partisans - Os Guerrilheiros Judeus

Partisans / Guerrilheiros Judeus


Alguns judeus que conseguiram escapar dos guetos e campos formaram seus próprios grupos de combate. Aqueles combatentes, denominados de partisanos ou guerrilheiros, concentravam-se em áreas densamente florestadas. Havia um grande grupo deles dentro do território soviético ocupado pela Alemanha, que escondia-se em uma floresta perto de Vilna, capital da Lituânia, e seus membros conseguiram descarrilhar centenas de trens e matar mais de 3.000 soldados alemães.
A vida dos guerrilheiros nas florestas era muito difícil. Eles tinham que se mudar constantemente para não serem descobertos, eram obrigados a saquear mantimentos de fazendeiros, e tentavam sobreviver ao inverno em abrigos rústicos feitos com troncos e galhos. Em algumas áreas, os partisans recebiam ajuda de moradores locais, mas em geral não podiam contar com isto em todas as áreas, em parte devido ao anti-semitismo disseminado entre a população, mas também devido ao medo de coloar as pessoas que os ajudassem em perigo. Os guerrilheiros também viviam sob a ameaça constante de serem delatados por informantes locais.
Muitos judeus participaram de grupos de partisans [guerrilheiros] formados na França e na Itália para ajudar as Forças Aliadas a derrotarem a Alemanha. Eles falsificavam documentos e carteiras de identidade, imprimiam publicações contra o nazismo, e assassinavam os colaboradores da besta nazista.
A judia húngara Hannah Senesh, de 23 anos de idade, que havia imigrado para o Mandato Britânico em 1939, fazia parte do grupo de 32 para-quedistas palestinos [tanto os árabes quanto os judeus que viviam no Mandato Britânico eram chamados de “palestinos”] que os britânicos lançaram atrás das linhas alemãs para organizar iniciativas de resistência e resgate. Em 7 de junho de 1944, antes de cruzar a fronteira da Hungria, para alertar os judeus húngaros sobre os campos de extermínio [durante os primeiros anos da Guerra os judeus húngaros haviam sido poupados], a poetisa Senesh ofereceu um de seus poemas a um de seus companheiros. Ele concluía com as seguintes palavras: “Bendito o coração que soube parar com honra. Bendito o fósforo que queima em chama ardente.” A jovem Hannah Senesh foi capturada no dia seguinte, terrivelmente torturada, e posteriormente foi executada como “traidora da Hungria” [o governo húngaro naquela ocasião colaborava com os nazistas].

Datas importantes

3 DE AGOSTO DE 1945
HARRISON DIVULGA RELATÓRIO SOBRE JUDEUS NA ALEMANHA


Naquela data, após o término da Guerra, o enviado especial dos Estados Unidos, Earl Harrison, liderou uma delegação enviada para avaliar as condições dos campos de deslocados pela Guerra na Alemanha. Embora o conflito já houvesse terminado, centenas de milhares de sobreviventes judeus não tinham como retornar a seus países de origem [onde suas casas e propriedades haviam sido destruídas ou mesmo tomadas pelos antigos vizinhos, que se recusavam a devolvê-las, chegando mesmo a matar os judeus que insistiam em retomar o que era seu], e assim permaneceram na Alemanha, Áustria ou Itália em Campos de Deslocados pela Guerra (DPs) criados pelos Aliados para os sobreviventes. A maioria dos deslocados de guerra judeus preferiu emigrar para o então vigente Mandato Britânico [na área do antigo Reino de Judá de seus antepassados, que havia sido denominada Palestina pelos romanos como forma de punição aos rebeldes judeus que lutavam contra Roma, e que fora concedida, no início do século 20, pela Liga das Nações para o estabelecimento de um estado judeu]. Outros tentaram emigrar emigrar principalmente para as Américas, em especial Argentina, Brasil e Estados Unidos, mas todos tiveram que permanecer naqueles campos até conseguirem sair da Europa. O relatório de Harrison descreveu o drama dos deslocados judeus, o que terminou por gerar algumas melhorias em suas condições de vida. No final de 1946, o número de deslocados de guerra judeus era estimado em 250.000 pessoas [6 milhões haviam sido assassinadas pelos nazistas].
11 DE JULHO DE 1947
NAVIO DE REFUGIADOS PARTE EM DIREÇÃO AO MANDATO BRITÂNICO APESAR DAS RESTRIÇÕES DO GOVERNO INGLÊS

Em 1920, a Grã-Bretanha recebeu uma autorização da Liga das Nações para administrar a área destinada ao estabelecimento de um estado judeu, um trecho do antigo império Turco-Otomano denominado Palestina [área do antigo Reino de Judá, que na antiguidade havia sido denominada Palestina pelos romanos como forma de punição aos rebeldes judeus que lutavam contra Roma no século 2 E.C.], e assim o fez até 1948. Aquela área era destinada à criação de um estado para receber os judeus, conforme decidido por aquela precurssora da ONU, a Liga das Nações. Muitos judeus que sobreviveram à Guerra procuraram emigrar para a região a eles oficialmente prometida, mesmo enfrentando terríveis restrições britânicas à emigração. Apesar dos problemas, o navio de refugiados Exodus partiu do sul da França para o Mandato Britânico em condições precárias, levando consigo 4.500 refugiados judeus de campos de deslocados de guerra na Alemanha. Os britânicos interceptaram o navio, mesmo antes dele entrar nas águas territoriais sob sua jurisdição, e os passageiros foram transferidos à força para navios britânicos e deportados para seu local de embarque na França. Por quase um mês, os britânicos mantiveram os refugiados a bordo do navio ancorado junto à costa francesa. Os franceses se recusaram a atender às exigências britânicas para o desembarque dos passageiros e, por fim, os refugiados foram levados a Hamburgo, na Alemanha, de onde foram obrigados a retornar aos campos de deslocados de guerra. O destino dos passageiros do Exodus mostrou o drama dos sobreviventes, aumentou a pressão internacional sobre a Grã-Bretanha para que a mesma permitisse a livre imigração judaica para a área sob seu Mandato, a qual havia sido destinada pela Liga das Nações [precurssora da ONU] para a criação de um estado judeu.

29 DE NOVEMBRO DE 1947
NAÇÕES UNIDAS VOTA DIVISÃO DA PALESTINA


Em uma sessão especial, a Assembléia Geral das Nações Unidas [OBS: violando a decisão de sua precurssora, a Liga das Nações, de dispor da área para a criação de um estado judeu] votou um plano de divisão da Palestina em dois novos estados, um judeu e outro árabe, [o que foi aceito pelos judeus, mas não pelos árabes, que atacaram os judeus]. Menos de seis meses depois, em 14 de maio de 1948, o líder sionista David Ben-Gurion anunciou a criação do Estado de Israel, e declarou que a imigração de judeus ao novo estado seria irrestrita. Entre 1948 e 1951, cerca de 700.000 judeus emigraram para Israel, sendo dois terços deles compostos por judeus deslocados pela Guerra na Europa. Os sobreviventes do Holocausto, os antigos passageiros do Exodus, refugiados de países da Europa central, e os judeus detidos pelos britânicos [por tentarem entrar no Mandato Britânico] em campos de prisionais em Chipre foram recebidos na terra de seus ancestrais.

Texto encontrado no site: http://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007743

domingo, 24 de agosto de 2014

A Rosa de Hiroshima

Rosa de Hiroshima - Vinícius de Moraes

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada

Assista o clipe da banda Secos & Molhados

https://www.youtube.com/watch?v=uBdg4SnOzm8



terça-feira, 12 de agosto de 2014

Documentário: O Anjo da Morte

O documentário abaixo conta a história do médico Josef Mengele o "anjo da morte".

https://www.youtube.com/watch?v=MDcDUrhe0Kc

Ou clique no vídeo ao lado para assisti-lo!

Cem anos de Jesse Owens, o homem que desafiou Adolf Hitler

Jogos Olímpicos de Berlim-1936. Adolf Hitler, que inicialmente era contra o evento esportivo na Alemanha, acabou convencido de realizar a Olimpíada para alavancar a propaganda do Nazismo e a doutrina da supremacia da raça ariana. Mas o discurso racista do ditador acabou desmentido pelo desempenho de um atleta negro americano: Jesse Owens. Ganhador de quatro medalhas de ouro naqueles Jogos, ele completaria 100 anos nesta quinta-feira. Seu falecimento aconteceu no dia 31 de março de 1980, aos 66 anos, em Tucson, no Arizona.

 Jesse Owens durante a disptuta da Olimpíada de Berlim-1936 (Foto: Arquivo Comitê Olímpico Internacional)


James Cleveland Owens nasceu no dia 12 de setembro de 1913, em Oakville, Alabama, nos Estados Unidos. Era o filho mais novo das três meninas e sete meninos do casal Henry Cleveland Owens e Emma Mary Fitzgerald. Aos 9 anos, o pequeno Owens se mudou com a família para Cleveland, Ohio, pois seus pais buscavam melhores oportunidades. Ao ter o nome perguntado por um professor, ele respondeu JC, como era conhecido, mas por conta do forte sotaque do sul, seu professor entendeu "Jesse". Daí, passou a ser conhecido como Jesse Owens.
Atleta negro, o americano, falecido em 1980, ganhou quatro medalhas de ouro na Olimpíada de Berlim-1936 e desmentiu o discurso da supremacia ariana do Nazismo
O americano se tornou mundialmente conhecido pelos seus feitos na Olimpíada de Berlim. Os nazistas aproveitaram o evento esportivo para a propaganda do regime de Hitler. O forte incentivo aos atletas fez a Alemanha ficar no topo do ranking de medalhas, com 33 ouros contra 24 dos EUA. Mas, apesar da vitória, o discurso nazista caiu por terra diante dos feitos de Owens, que liderou os americanos no atletismo ao conqusitar as medalhas de ouro nos 100m, 200m, revezamento 4x100m e salto em distância.
Reza a lenda que Hitler se recusou a entregar as medalhas para Owens. O que não é verdade segundo a diretora cultural do Comitê Olímpico Brasileiro (COB, Christiane Paquelet. Responsável pela exposição interativa "Jogos Olímpicos: Esporte, Cultura e Arte", que abre para o público nesta sexta-feira no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, ela explica que o ditador deixou de entregar apenas uma das quatro láureas do atleta americano. Nas demais, Hitler, inclusive, cumprimentou o "desafeto".
Veterano jornalista da Alemanha, Siegfired Mischner afirmou anos depois que Owens carregava em sua carteira uma foto em que recebe o cumprimento de Hitler. Segundo reportagem do tabloide inglês "Daily Mail", foi tirada uma foto atrás da tribuna de honra que comprova o fato. A mesma só não foi publicada porque a opinião predominante no pós-Segunda Guerra Mundial era a de que o ditador havia ignorado o americano. A decisão de não publicar a foto foi a de manter Hitler em uma situação desconfortável em relação a Owens.
Em sua biografia, o atleta americano afirma que o que o deixava mais magoado não eram as atitudes de Hitler, mas o fato de o presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevel, não ter mandado nem um telegrama felicitando-o pelas conquistas na Olimpíada. De fato, o atleta não sofreu com o racismo somente na Alemanha. Em seu país ele também enfrentou problemas. Em um evento na Casa Branca, enquanto todos os seus companheiros entraram pela porta da frente, ele foi obrigado a entrar pelos fundos, segundo relata Paquelet.
Na exposição que estará em cartar no Museu Histórico Nacional existem, além das peças tradicionais ligadas aos Jogos Olímpicos, trinta e seis peças da Coca-Cola, mais antiga patrocinadora da Olimpíada. Entre elas está uma imagem do cartaz em que Owens se refresca com uma latinha do refrigerante. A propaganda, um choque na época por ter sido feita com um atleta negro, somente veio a público após os Jogos de 1936. Segundo o vice-presidente de Jogos Olímpicos da Coca-Cola Brasil, Flávio Camelier, se a propaganda tivesse sido feito antes era capaz de Owens ter sua participação vetada na Olimpíada.
Em 2012, o atleta americano foi imortalizado no Hall da Fama do atletismo, criado no mesmo ano como parte das celebrações pelo centenário da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf).

Leia mais no LANCENET! http://www.lancenet.com.br/minuto/Cem-Jesse-Owens-Adolf-Hitler_0_991700996.html#ixzz3AD6DM7mP
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A Crise de 29



Crise de 1929 – Resumo das causas - A Crise de 1929, que ficou popularmente conhecida como A Grande Depressão, foi uma grande crise econômica que persistiu até a Segunda Guerra Mundial, sendo considerado como o pior e mais longo período de recessão econômico que o século XX já passou. Entre todas as consequências que a crise trouxe, podemos citar as elevadas taxas de desemprego, a diminuição da produção industrial de diversos países, assim como as drásticas quedas dos PIB’s, dos preços de ações, entre outros. Praticamente todo o mundo se viu envolto a este momento difícil, que prejudicou as atividades econômicas de dezenas de países.

Início - A partir de julho de 1929 a produção industrial americana começava a cair dando início ao que seria conhecida como A Grande Depressão, essa recessão econômica se arrastou até o dia 24 de outubro, quando a bolsa de valores de Nova York e a New Stock Exchange  viram os valores de suas ações despencarem completamente, fazendo com que milhares de acionistas perdessem tudo praticamente da noite pra o dia. A partir daí aconteceram os fechamentos de centenas de empresas comerciais e industriais, o que elevaram drasticamente as taxas de desemprego e pioraram ainda mais os efeitos da recessão.

Causas da Crise de 1929 - Quando a Primeira Guerra Mundial  chegou ao fim, alguns países europeus estavam com suas economias enfraquecidas, enquanto que os Estados Unidos cresciam cada vez mais, lucrando com a exportação de alimentos e produtos industrializados. Em decorrência disso a produção norte-americana se acostumou com esse crescimento, o que aumentou dia após dia, principalmente entre os anos de 1918 e 1928.  Era um cenário com muitos empregos, preço baixo, elevada produção na agricultura e a expansão do crédito que incentivada o consumismo desenfreado.

O problema para os Estados Unidos foi que a Europa começou a se reestabelecer, o que levou a importar cada vez menos dos Estados Unidos. Agora a indústria norte-americana não tinha mais para quem vender a quantidade exacerbada de mercadorias, havendo mais produtos do que procura. Isso levou a diminuição do preço, queda da produção, e consequentemente, aumento do desemprego. Esses fatores provocaram a queda dos lucros e a paralisação do comércio, ocasionando a queda das ações da bolsa de valores, quebrando-a em seguida.  Em resumo, a crise de 1929 se deu graças a superprodução, que não estava preparada para a falta de procura, e acabou com todas as mercadorias encalhadas.
Muitos países sofreram com a grande recessão americana, resultando em grandes efeitos bem parecidos com os Estados Unidos da América – fechamento de estabelecimentos bancários, comerciais, financeiros e industriais, que resultaram na demissão de milhares de trabalhadores. No Brasil, a crise atingiu o setor cafeeiro. Os EUA eram os maiores compradores do café brasileiro, que em meio a esta turbulência fez com que o Brasil se visse em uma situação de diminuição de suas exportações. Para que o produto não fosse desvalorizado, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café, diminuindo a oferta e mantendo o preço do principal produto do país. Isto induziu os cafeicultores a investiram no setor industrial, o que de certa forma foi positivo para a indústria brasileira.

Resumo sobre o fim da crise - Buscando uma solução para o grave problema, os eleitores americanos decidiram eleger o democrata Franklin Delane Roosevelt à Presidência, na esperança de que ele reerguesse a economia americana. No ano de 1933  ele pôs em prática o  New Deal, que fazia com que o governo passasse a controlar os preços e a produção das indústrias e fazendas. Assim foi possível controlar a inflação e evitar que houvesse acúmulo de estoques. O Plano também inseria investimentos em obras públicas, como a melhoria das estradas, ferrovias, energia elétrica, entre outros. Desta forma começaram a aparecer os primeiros resultados, havendo uma diminuição significativa do desemprego. Com o desenvolvimento do programa, a economia norte-americana foi aos poucos voltando a entrar no rumo, e no início da década de 1930 ela já funcionava normalmente.

Fonte: http://www.estudopratico.com.br/crise-de-1929-resumo-das-causas/


Assista o vídeo sobre a Crise de 2008 acessando o link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=ZyLzFSmbDVk

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Triângulos Nazistas

Os campos de concentração nazis, durante a Segunda Guerra Mundial, possuíam um sistema de figuras geométricas em forma de triângulos, para auxiliar na identificação do tipo de pessoa que a portava. Alguns historiadores dizem invertidos, contudo isso, é com respeito a cor, as inclinações e a sobreposição das figuras que se baseavam os critérios para classificação dos segregados em seus respectivos lugares (campos).





Além do código das cores, alguns subgrupos tinham o complemento de uma letra localizada no centro do triângulo, para especificar prefixo do país de origem do prisioneiro, por exemplo:
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tri%C3%A2ngulos_do_Holocausto

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Olga e Prestes




Última carta de Olga Benário Prestes  - última carta escrita ao marido e à filha, do campo de concentração de Ravensbrück/Alemanha, antes de ser conduzida à morte na câmara de gás - (abril/1942)





Queridos:

Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças – ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a ideia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.

Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? 



Conformar-me-ia, mesmo que não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver-me dado a ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha?




Querida Anita, meu querido marido, meu Garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que esforço-me para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nos últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijo-os pela última vez.

Olga

Fonte: Instituto Luiz Carlos Prestes (http://www.ilcp.org.br/)

Passaporte falso de Prestes e Olga

 Anita

Prestes e Olga

Olga entregando o bilhete de sua gravidez a imprensa

Dona Leocádia